SERÁ QUE ALGUÉM ODEIA A POLÍCIA?

Recentemente, vi em uma rede social famosa um relato de uma jovem que havia sido roubada. Como ela chamou a polícia e esta não chegou a tempo de resolver seu problema, passou a desferir palavras de ódio contra toda a instituição policial. Isso me levou à seguinte pergunta: será que algum cidadão, de fato, odeia a polícia? E se o faz, o que o leva a ter tal sentimento? Seria a polícia a instituição que “todos amam odiar”?

Não quero aqui chegar ao reducionismo vulgar e reproduzir uma frase dita por alguns de que “quem não gosta de polícia é bandido”, porque sei que, de fato, a ação da polícia é, por algumas vezes, desagradável e até detestável, quando uma pequena quantidade de agentes comete abusos e desvios de conduta.

A instituição policial já foi definida por alguns autores como uma espécie de “superego social”, que serviria para regular as paixões e os excessos cometidos pela população. Quem, em seu estado normal, gosta de ser revistado por policiais ou ter algum direito restringido em nome do bem público? Se permitimos e aceitamos esse tipo de abordagem ou restrição, não é por prazer, certamente. Além disso, a polícia gerencia conflitos e, na sua resolução, nem sempre as duas partes saem satisfeitas. A parte que se considerar prejudicada também pode exprimir algum tipo de raiva ou ódio, quando na verdade está apenas se sentindo injustiçada.

Policial da Metropolitan Police (Londres) conversa com jovem no Hyde Park

Sendo otimista, prefiro acreditar que, quando alguém afirma este ódio, há, na verdade, uma simplificação do próprio sentimento. A pessoa que é vítima de um crime e não obtém a melhor resposta da polícia passa por uma enorme frustração e pode não saber expressá-la. O desejo de transformar a polícia não se confunde com o ódio por ela.

O que todos querem, na verdade, é uma polícia em que possam confiar; que esteja sempre alerta e sob o lema “servir e proteger” a população, sem qualquer discriminação e que trate as pessoas de forma igualitária e justa, especialmente nos seus momentos de conflito ou ameaça de direitos.


Este deve ser o objetivo de todos os cidadãos!

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8 comentários to ''SERÁ QUE ALGUÉM ODEIA A POLÍCIA?"

Comentarios
  1. Então, ae já entra a questão do caráter de quem veste a farda e toma qualquer decisão, usando apenas a autoridade como base

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  2. "Não quero aqui chegar ao reducionismo vulgar", mas dizer "O que todos querem, na verdade, é uma polícia em que possam confiar; que esteja sempre alerta e sob o lema “servir e proteger” a população", não seria algo da espécie. Quem pode dizer "o que todos querem"? Isso não se trata de uma descrição do real, mas de prescrição, de extremo reducionismo.

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    1. A verdade é que as pessoas não sabem o que querem. Cobram direitos mas não cumprem com seus deveres. A chave de tudo é a educação, coisa que talvez nunca seja prioridade em nosso país.

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  3. Cara, grande texto. As vezes penso que o ódio à policia se dá por meio da dualidade criminosos/população, como apresenta Foucault, e que talvez a população prefira se identificar mais com quem não segue a lei, do que com um simbolo de poder regulador que é a polícia. Talvez seja exagero, mas as conseqüências disso vemos todos os dias na TV. "Bandido bom é bandido morto", "mas não o meu vizinho, pois ele é gente boa"; "Larga ele 'seu policia'..."

    Por outro lado é difícil defender a instituição quando vemos tantos casos de corrupção ativa e passiva por meio dos agentes. A policia, se não um espelho, é no minimo um termômetro da própria população que a forma.

    Curti mito o blog, estava faltando algo assim na internet!

    Parabéns!

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  4. Acho as reflexões colocadas neste blog de extrema importância para todos. Muito bom ter pessoas dentro da corporação que pensam, dialogam, discutem e refletem. Parabéns pela iniciativa.

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  5. A polícia é essencial para a sociedade, talvez por isso seja tão odiada quando não é efetiva, nada funciona sem polícia, as pessoas la no fundo sabem disso, que são totalmente frágeis e dependentes dessas corporações, e como não ser, já que eles que garantem nossos direitos mais precisos, como o direito à vida e o direito de ir e vir, sem falar nos bens materiais que as tando damos duro para conseguir.

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