LIVROS DO POLICIAL PENSADOR: VIGIAR E PUNIR


Segunda metade do século XVIII: o soldado tornou-se algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas; lentamente uma coação calculada percorre cada parte do corpo, se assenhoreia dele, dobra o conjunto, torna-o perpetuamente disponível, e se prolonga, em silêncio, no automatismo dos hábitos; em resumo, foi “expulso o camponês” e lhe foi dada a “fisionomia de soldado”. (FOUCAULT, 1999, p. 162)

Vigiar e Punir é, sem dúvida, uma leitura obrigatória para todo policial que pretende pensar além. Além do estabelecido, além do determinado. Um além que está diante dos olhos, acontecendo sem ser notado a menos que se use lentes específicas.

A obra, lançada em 1975 pelo filósofo francês Michel Foucault (1926-1984), é revolucionária, sobretudo, pela inovadora genealogia do poder. O autor faz uma abordagem histórica acerca da pena infligida aos criminosos, que antes do encarceramento que conhecemos, era mais comum na forma dos violentos suplícios. No final do século XVIII e início do século XIX, uma série de reflexões e mecanismos faz com que surjam novas formas de punição e dominação dos indivíduos, inclusive através dos saberes constituídos, como ele mesmo afirma:

Temos antes que admitir que o poder produz saber (e não simplesmente favorecendo-o porque o serve ou aplicando-o porque é útil); que poder e saber estão diretamente implicados; que não há relação de poder sem constituição correlata de um campo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder. (FOUCAULT, 1999, p. 31)

Nesta perspectiva é que ele trata a disciplina. Foucault mostra como essa tecnologia política presente nos exércitos militares é disseminada também nas diversas instituições, tais como nos grandes edifícios penitenciários, nas fábricas, nas escolas e nos conventos. É a “descoberta do corpo como alvo e objetivo do poder”.  A disciplina permitiria, então, a transformação dos indivíduos em “corpos dóceis”: ao tempo em que eles teriam as forças físicas e produtivas do corpo aumentadas, suas forças políticas, de resistência, seriam diminuídas. O resultado é a produção de sujeitos altamente especializados e úteis ao sistema e, ao mesmo tempo, completamente submissos.

Capa do Livro Vigiar e Punir

O livro é dividido em 4 partes: Suplício, Punição, Disciplina e Prisão. Em cada uma delas, sentimos a pulsante veia ativista do autor, o que nos leva a também utilizarmos o livro como uma “ferramenta” de ação em nossos dias.

O Policial Pensador faz um convite à leitura desta obra. Quem sabe ela seja útil ao pensamento e às lutas cotidianas de cada um.

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