Fora de serviço: policiais brasileiros morrem cerca de 3 vezes mais quando estão de folga
O Policial Pensador já tratou do
problema da letalidade e morte de policiais anteriormente. (Veja aqui). Esta
matéria, no entanto, quer se deter sobre o problema dos policiais brasileiros mortos
durante o período de folga.
Dados do 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública trazem o número de policiais mortos durante o ano de 2013:
são 369 policiais mortos em suas folgas contra 121 em serviço efetivo. O número
de agentes mortos fora de serviço aumentou consideravelmente a partir do ano de
2011. Veja o gráfico abaixo:
Gráfico sobre vitimização policial (Fonte: 8º Anuário Brasileiro de Segurança Pública) |
Não há dúvidas de que o alto índice
de policiais mortos fora de serviço tem íntima relação com o exercício da
profissão. Além de haver policiais que realizam atividades de segurança
particular em sua folga, os chamados “bicos”, há também casos de agentes que
estão sempre armados, mesmo fora de serviço, esperando reagir a assaltos.
Dentre estes, muitos temem que, ao serem identificados como policiais, poderão
ser executados. Há ainda execuções de vingança decorrentes de ações do policial
em serviço. O que se nota claramente é que, sem a proteção do uniforme,
armamento, equipamento e companheiros da corporação, as chances do policial ser
vitimizado aumentam de forma substancial.
O que é importante pensar é o
fato de que “ser policial 24 horas por dia”, como dizem alguns, não implica
necessariamente no porte da arma de fogo em todos os momentos e ainda menos em
seu uso para intervir em ocorrências de crime quando na folga, especialmente quando
não há superioridade numérica por parte do policial ou tempo para planejar a
ação. A cultura bélica (presente em programas policiais e em algumas
comunidades nas redes sociais) que exalta “ações de bravura” de policiais que
reagiram a assaltos, não leva em conta o grande número de companheiros já mortos
tentando realizá-las. Não é demais lembrar ainda que pedir apoio e anotar
características de pessoas e veículos, quando há condições seguras, também são formas
efetivas de ação policial.
Bem pontuadas as questões, contudo, um problema não mencionado impede que a conduta sugerida seja adotada, pois, além da questão do bico e do policial 24 horas, o policial atuante é frequentemente vítima de ameaças de morte por parte de criminosos e estes vão procurá-lo na folga. Vão tentar matá-lo ao entrar ou sair de casa ou em um momento de lazer (caminhada, bar, festa, etc). Por isso, muitos estão sempre alerta (armados e tensos), mesmo de folga, pois, sua vida depende disso. O que ele irá fazer? Pedir proteção à justiça?
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