De mero Joaquim a herói das polícias: um conto sobre Tiradentes.
No dia de Tiradentes (21 de abril), o Policial Pensador apresenta um conto sobre esta figura histórica tão importante para as polícias brasileiras. Confira!
"O Joaquim era um cara controverso. Filho de pais pobres, que
morreram bem cedo, o Joaquim tentou de tudo pra se dar bem na vida. Foi
auxiliar de dentista, vendedor, minerador e, por último, militar. Como queria
ser importante, procurou entrar na Força militar como oficial, no posto de
Alferes. Lá, os nobres oficiais tiravam a maior onda com o Joaquim... “Olha o
Tiradentes!”, diziam por conta da função exercida pelo pobre Joaquim. E não é
que o “ferro” – palavra militar usada para apelido – pegou?! Tiradentes era o
nome que ele usava no seu cotidiano.
É, mas não seria fácil para o Joaquim crescer na carreira
militar... Sua proximidade com os pobres aliada ao seu carisma e tendências
políticas deixavam o Estado-Maior de cabelo em pé. Nem seus colegas de turma se
aproximavam dele. O cara era meio louco. Em pleno Império Português na colônia
brasileira, ficava repetindo umas conversas sobre independência de Minas
Gerais, que ouvira de alguns oficiais e acadêmicos com quem bebia de vez em
quando. Ele era todo animado com essas ideias. Tudo isso fez com que sua
pontuação fosse sempre baixa na época das promoções. Nunca passou do primeiro
posto. Ficou chateado com isso e acabou saindo da Força militar.
Alferes Tiradentes: óleo/tela, José Wasth Rodrigues, 1940. |
Mas as ideias continuavam fervilhando na cabeça do Joaquim. E a turma da
elite, sabendo que o cara tinha uma coragem que beirava à loucura, continuou
botando pilha nele. Era o único pobre nas reuniões dos inconfidentes.
Isso desagradava um certo coronel Joaquim Silvério dos Reis, que ainda
via o Joaquim como um alferes. Pois não é que esse coronel acabou
traindo todo o movimento e entregou o Tiradentes?!
O nosso Joaquim nem acreditou quando o pegaram. Ele era o "peixe
pequeno" dos inconfidentes... Para variar, o sistema penal pegou o mais pobre...
Mas logo o nosso herói entrou no lance. Se queria ser famoso, era agora ou
nunca. Resolveu assumir a culpa dos colegas da turma, que tiveram suas penas
diminuídas por conta da loucura do Joaquim. Foi enforcado e cortado em pedaços
no dia 21 de abril de 1792. A sentença dizia que ele havia sido o primeiro a
suscitar as ideias de República, formando o que chamou de “discursos sediciosos”.
Por conta da coragem, da importância dada à execução do pequeno
Alferes e da necessidade de heróis para a República, a história do Joaquim foi
resgatada e ele hoje é Tiradentes, patrono cívico do Brasil e das polícias brasileiras. Acabou ficando famoso... Virou herói nacional".
Agora o Policial Pensador pergunta: O que aconteceria, nos dias de hoje, se surgissem policiais com o mesmo "estilo Tiradentes" e resolvessem contestar o sistema político, em busca de mais liberdade e democracia?
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