Comitê pela Desmilitarização lança “Carta aos Policiais Militares”. Leia aqui.

O Comitê Cearense pela Desmilitarização da Polícia e da Política, movimento não partidário que congrega educadores, ativistas, policiais e vários outros atores sociais, lança, primeiramente aqui no Policial Pensador, uma carta dirigida aos policiais militares, em que convida a todos e todas a participarem do movimento e atuarem nessa campanha pela desmilitarização da polícia e da política. (conheça alguns mitos sobre a desmilitarização lendo artigo do Policial Pensador aqui).


Veja, na íntegra, a carta:


            "O Comitê Cearense pela Desmilitarização da Polícia e da Política foi lançado no final da ano de 2013, a partir da necessidade de se ampliar o debate sobre a desmilitarização entre as esferas do poder público e a sociedade civil, principalmente após as fortes repressões policiais ocorridas em junho do mesmo ano, ficou evidenciada a importância de nossa luta. Vários movimentos sociais, organizações, partidos políticos e membros da sociedade participam de algum modo da nossa construção e elaboração.

            Dentre outras coisas, temos atuado promovendo discussões que possam tornar a temática conhecida da população. Em um curto período de existência, já fizemos diversas atividades nesse sentido em escolas, universidades e nos meios de comunicação. Tornar o debate público é fundamental, especialmente nesse momento em que há alguns projetos sobre desmilitarização tramitando no Congresso Nacional, como é o caso da PEC 51, oriunda da iniciativa do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), a PEC 430 do deputado Celso Russomano (PP-SP) e a PEC 102 do senador Blairo Maggi (PR-MT). É necessário também, por conta disso, que haja o debate amplo sobre esses projetos com a sociedade. Afinal a quem serve esse modelo de polícia militar, uma vez que o aparato de repressão atua para nos violentar e colaborar com a manutenção das desigualdades sociais?

            Nossa principal característica é formular coletivamente uma proposta sobre segurança pública que não se limite à crítica aos atos policiais, mas que compreenda que há um fundo estrutural na política que precisa ser repensado em bases diferentes. Para que essa reelaboração seja possível, é necessário que se problematize questões que ainda são tabus em nossa sociedade, como a política pública de drogas. Acreditamos que a regulamentação e o controle estatal das drogas seria fundamental para a redução da violência promovida nessa “guerra às drogas”, que mata, principalmente, jovens, negros e moradores das periferias, inclusive muitos policiais.

Comitê Cearense pela Desmilitarização da Polícia e da Política

            Também temos uma crítica ferrenha ao recrudescimento penal que está posto e agrava a situação do hiperencarceramento no Brasil, país que possui a terceira maior população carcerária do mundo, com mais de 700 mil presos. Além disso, é notório que há uma seletividade penal, pois a quantidade de presos não-brancos chega a cerca de 70%. Nesse sentido, é preciso distinguir claramente a violência da conflitualidade social. O que ocorre, de fato, é a concretização da criminalização da pobreza.

            Movimento semelhante ocorre com relação aos movimentos sociais e políticos. A criminalização das lutadoras e dos lutadores sociais em nosso país é extrema. O estigma que recai sobre os movimentos é fortalecido a todo o instante, reforçado pela mídia e pelo poder vigente e executado também por ações policiais. É comum nos depararmos com notícias em que greves, ocupações, manifestações e atos são duramente reprimidos por forças policiais. De fato, a polícia acaba materializando o caráter conservador do Estado e os policiais – que são trabalhadores – são obrigados a agir com violência contra outros trabalhadores. Por isso também acreditamos que com a desmilitarização, as potencialidades trabalhistas dos atuais policiais serão destacadas. Direitos fundamentais como o direito à greve ou a proibição dos assédios morais e tantos outros abusos comuns no militarismo, seriam bandeiras possíveis nas categorias.

            Por estas e outras demandas, convidamos os policiais militares a se somarem à nossa empreitada. Temos plena convicção de que esse processo só é possível com o apoio e a participação da categoria. Sabemos que quase 80% dos policiais são favoráveis à desmilitarização, mas precisamos que essas opiniões se revertam em luta. Luta por uma vida melhor. Luta por uma sociedade mais justa e menos desigual. Luta por direitos. Nesse sentido, o Comitê Cearense pela Desmilitarização da Polícia e da Política está de portas abertas aos militares que desejem ingressar nessa luta e travar o bom debate conosco.

Vamos juntos em frente!

Comitê Cearense pela Desmilitarização da Polícia e da Política".


No estado do Ceará, as reuniões do Comitê ocorrem às terças-feiras, quinzenalmente às 19h00min, na Rua Instituto do Ceará, 164, no bairro Benfica, em Fortaleza. (sede da Associação 64/68 Anistia)


Conheça também o site do Comitê aqui.


O Policial Pensador apoia e participa do Comitê Cearense pela Desmilitarização da Polícia e da Política.


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3 comentários to ''Comitê pela Desmilitarização lança “Carta aos Policiais Militares”. Leia aqui."

Comentarios
  1. http://www.demotix.com/photo/7258472/acquitted-vig-rio-geral-massacre-launches-book-bomb-pm&popup=1

    https://www.facebook.com/escritorsergiocborges


    Meu livro defende esta premissa.

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  2. O que quer dizer exatamente "desmilitarização da política"? Acho que faltou falar de como a desmilitarização da policia, melhoraria efetivamente a vida do policial e da população em geral.

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  3. O que quer dizer exatamente "desmilitarização da política"? Acho que faltou falar de como a desmilitarização da policia, melhoraria efetivamente a vida do policial e da população em geral.

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