Governo interino quer mudar aposentadoria de policiais e professores

Policiais poderão ter que se aposentar mais velhos. Matéria do jornal O Globo, do dia 04.07.2016, dá conta de que policiais e professores podem ter regras de aposentadoria mudadas por orientação do governo interino de Michel Temer. Segundo a matéria, o governo federal estaria preocupado com o problema da previdência e interessado em “rever as leis estaduais de aposentadoria de militares (PMs e bombeiros), que hoje só cumprem tempo de contribuição, sem limite de idade”.  Ainda conforme o texto, a ideia é “fixar uma idade mínima (acima de 55 anos para homens e 50 para mulheres) combinada com tempo de contribuição (acima de 30 anos)”. (Veja matéria completa aqui).


Para o Cabo Elisandro Lotin, presidente da Associação Nacional de Praças (Anaspra), “O anúncio do Governo interino soa como um desincentivo para estes profissionais”. Ele lembra que “a expectativa de vida de um policial é, em média, 6,2 anos menor do que a média da população em geral”. Para Lotin, que é um dos líderes nacionais dos policiais,  “os índices de afastamento por conta do estresse, gerado por fatores externos tendo em vista o dia a dia do trabalho, assim como internos por conta de um modelo de segurança pública oriundo do século XVIII, agravado pela ditadura militar, é absolutamente superior a qualquer outra profissão e gera problemas inclusive para a segurança da população”.

Elisandro lembra ainda que o presidente interino Temer prometeu não mexer nas aposentadorias dos militares federais (veja aqui), acabando com o argumento daqueles que são contra a desmilitarização, de que o modelo militar protegeria direitos previdenciários de policiais e bombeiros militares dos estados. Segundo ele, os policiais têm direito à aposentadoria especial não por serem militares, mas sim “porque prestamos um serviço diferenciado, afinal, somos os únicos que efetivamente doam a vida em prol da sociedade, mais inclusive que os militares federais”, defende.


Ele promete lutar: “De nossa parte mobilizaremos a categoria para lutar contra mais este atentado do estado contra a segurança pública e contra os seus trabalhadores”.

Policiais poderão ter regras de aposentadorias mudadas e se aposentar mais velhos
Foto: Cléber Júnior/Jornal Extra




Causa grande estranheza que o governo federal interino esteja a ventilar tais possibilidades justamente quando a luta dos policiais é por terem sua aposentadoria especial, aos 25 anos, reconhecida por leis estaduais. É bom lembrar também que o déficit na previdência, tão reclamado pelos poderes executivos, pode inclusive não ser real, como demonstra a pesquisadora Denise Gentil em sua tese de doutorado. (Confira entrevista aqui).

O Brasil vive graves problemas de segurança pública porque, entre outras coisas, não reconhece os policiais como trabalhadores diferenciados, que arriscam diariamente suas vidas em busca de defender a população. É necessário que esses profissionais sejam valorizados, tenham seus direitos reconhecidos, condições materiais, estabilidade e segurança jurídica em suas carreiras para que possam desempenhar um trabalho cada vez melhor.

É preciso resistir a este golpe contra os trabalhadores da segurança pública!

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4 comentários to ''Governo interino quer mudar aposentadoria de policiais e professores"

Comentarios
  1. Não bastasse a natureza do serviço ser a de maior estresse entre todas as profissões, leve-se em conta que a carga horária de trabalho semanal supera as 44h semanais do trabalhador do regime geral de previdência social.

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  2. Porque não acaba com aposentadoria de políticos, que não é profissão, e sim corrupção, alguém tem que dar um basta nesses desmandos, só prejudicam os mais pobres sempre. Até quando?

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  3. Porque não acaba com aposentadoria de políticos, que não é profissão, e sim corrupção, alguém tem que dar um basta nesses desmandos, só prejudicam os mais pobres sempre. Até quando?

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  4. O que tem que acabar é essa bosta de militarismo que existe nas PMs, pois, só tem servido para humilhar os Praças.

    Todo tipo de desgraça e de assédio moral que acontece, no âmbito da segurança pública, tem origem nesses regulamentos nojentos.

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