Editora Abril e as prisões da miséria
Recentemente, ao
ser aprovada em primeiro turno a redução da maioridade penal na Câmara Federal,
dia 17/06, chamou atenção a foto na qual deputados federais comemoravam o fato
como se estivessem celebrando uma grande vitória, como se mandar adolescentes
para as prisões, ainda que fosse estritamente necessário para reduzir a
violência (e não é!), não fosse uma grande tragédia nacional a ser lamentada
profundamente. Dentre estes deputados, um levantava uma revista como se fosse
uma bandeira ou a tocha da estátua da liberdade. Era a revista Veja.
Deputados federais celebram a aprovação da redução da maioridade penal em primeiro turno. Um deles levanta a revista Veja (Foto: Lula Marques) |
Dia 30 de julho,
a página oficial da revista Superinteressante no Facebook republica uma matéria
de março de 2013 “Como funciona um presídio particular?, onde descreve as
prisões privadas dos Estados Unidos e como este modelo tem tentado se
estabelecer em terras brasileiras. Tanto na reportagem, assinada apenas por “Redação
Super”, como na rede social, a frase vista diz que “É mais seguro e custa menos
que uma prisão comum”. Um dos leitores, ao comentar com bom humor, deixa a
frase: “Veja, é você?”.
Página da revista Superinteressante divulgando presídios privados (Fonte: Facebook) |
Em comum nas
duas revistas, há o fato de que ambas são publicadas pela Editora Abril, que faz
parte do mesmo grupo que a Fundação Victor Civita. Esta fundação é citada pelo
pensador francês Loic Wacquant, no artigo “A tempestade global da Lei e Ordem: sobre punição e neoliberalismo”. Ao atualizar o que disse em seu livro “As prisões da miséria”, ele mostra como algumas instituições brasileiras, à semelhança do Manhattan Institute, funcionam como think
tanks (institutos não governamentais responsáveis pela difusão de ideias e “soluções”
para problemas sociais) e se encarregam de divulgar ideias neoliberais que
colaboram com a criminalização da pobreza, a ausência do Estado nas políticas
sociais e a popularização das estratégias estadunidenses de combate ao crime, como
é o caso do famigerado programa de “Tolerância Zero”. No artigo, o autor (2012,
p. 12) cita o Instituto Liberal, a Fundação Victor Civita e a Fundação Getúlio
Vargas.
Capa do Livro "As prisões da miséria" |
O Policial
Pensador reafirma a sua posição contra o Estado Penal e favorável a um Estado cada
vez mais presente e forte no campo social.
Sem Comentario to " Editora Abril e as prisões da miséria "