A “greve” da PM do Espírito Santo e as polêmicas nas redes sociais
As atividades da Polícia Militar do
Espírito Santo estão, em sua maioria, paralisadas por conta de movimentos
reivindicatórios. O movimento, por ser legítimo, conta inclusive com a simpatia
de oficiais superiores, como pode ser visto no vídeo em que o tenente-coronel
Alexandre Quintino, comandante do policiamento do sul do estado, afirma em um
programa de TV: “A minha panela está vazia, assim como a panela do cabo e do
soldado está vazia” (veja aqui). Segundo as
associações de policiais e bombeiros militares do estado, a categoria possui o
pior salário do país.
Cartaz feito pela Associação Geral dos Militares do Espírito Santo |
Nas redes sociais houve uma inundação
de vídeos contendo cenas de barbáries, ao mesmo tempo em que se iniciava uma
verdadeira batalha de ideias sobre o significado dos fatos em torno da greve
dos militares estaduais.
Em primeiro lugar, sobre a existência
da greve. Sabe-se que aos policiais militares, segundo o inciso IV, do §3º, do
art. 142 da Constituição Federal, é vedada a sindicalização e a greve. Desta
forma, legalmente falando, não é possível a existência de qualquer movimento de
militares com este nome, sob pena de infringir dispositivo constitucional. Exatamente
pela proibição da greve, não há qualquer possibilidade de regulamentar uma
paralisação, por exemplo, mantendo uma porcentagem do efetivo policial nas
ruas. Deflagrado o movimento, o governo perde totalmente o controle. Enquanto
alguns aproveitam a situação para reafirmar a necessidade de manter o caráter
militar das instituições justamente para evitar greves do tipo, penso na
importância de reformular a legislação dessas corporações e o próprio sistema
de segurança pública, sob pena de sempre ter de passar por um “caos” desse
tipo, todas as vezes que a categoria chegar a um patamar insustentável de
abandono por parte do Estado, o que não é muito difícil de acontecer em
qualquer corporação militar estadual.
Outra polêmica em torno da paralisação
surgiu quando alguns aproveitaram para relembrar que políticos e ativistas de
esquerda utilizam o seguinte grito em manifestações: “Não acabou, tem que
acabar, eu quero o fim da polícia militar”, mostrando também cartazes com os
dizeres “fim da PM”. Postando vídeos e fotos dos homicídios bárbaros,
linchamentos e saques que ocorrem em cidades do Espírito Santo, alguns
internautas colocaram a questão da imprescindibilidade da Polícia Militar. Aí,
há má-fé por parte destes ou, pelo menos, um equívoco. De fato, como já
observado até mesmo por ativistas de esquerda (veja aqui) o grito de
“quero o fim da polícia militar” é uma expressão ruim que deixa margens para
várias interpretações, mas sabemos que esse “fim” a que os ativistas se
referem diz respeito à desmilitarização, ou seja, é o fim do caráter militar da polícia e das políticas de segurança pública,
exatamente o que impede os policiais de realizarem manifestações para
conseguirem melhorias em suas condições de trabalho. Basta lembrar, por
exemplo, que em outras situações de greves de policiais, os grupos políticos
que vieram em auxílio foram prioritariamente de “esquerda”, como no caso da nota de
apoio à greve da PM do Ceará em 2011, subscrita por PSOL, PSTU, PCB e várias outras entidades (veja aqui).
Criticar a polícia e apontar suas ações
negativas não significa necessariamente odiá-la ou desejar a sua extinção, mas
reivindicar a melhoria do serviço público prestado. Sinceramente, não creio que
alguém acredite na possibilidade real de existência de uma sociedade
democrática e regida por leis que prescinda de um corpo policial. Ao mesmo
tempo, dizer que a falta da polícia militar é a única responsável pelo aumento
da violência é assumir a debilidade de nosso sistema de segurança pública. Uma
sociedade que depende unicamente da polícia como forma contenção da violência está seriamente doente e desigual, com profundas deficiências em mediação de
conflitos, educação e justiça. Que a paralisação da PMES, além de melhorar a vida
dos policiais e da população capixaba, possa também nos ajudar a pensar sobre
nossas instituições e sociedade.
Que matem! Se não aguenta pede pra sair!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSim, de fato, uma sociedade que depende unicamente da polícia como forma segurança, padece silenciosamente. Então, vamos todos nos unir contra o estatuto do desarmamento que foi arbitrariamente desrespeitoso com os desejos da população, que tal? Deveríamos começar por isso.
ResponderExcluirO Brasil realmente falhou como civilização. Todos se parecem crianças que põe a casa abaixo quando saem os pais.
ResponderExcluirbando de lixuuu
ResponderExcluira esqueci as mulheres dos policia sao fdps
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ResponderExcluircontinuously i used to read smaller articles that as well clear their motive, and that is also happening with this article which I am reading at this time. facebook login in