GAZA É AQUI!*
Todos os dias lemos comentários de pessoas indignadas com
a guerra no Oriente Médio. A guerra começou no dia 25/06, e em 34 dias já havia
1.030 mortes, realmente um absurdo. No entanto, aqui no Ceará, somente no
primeiro semestre deste ano 2.367 pessoas foram assassinadas. Numa conta rápida
são 394 pessoas por mês, uma média de 13 pessoas mortas por dia.
Na guerra santa do Oriente Médio os filhos de Abraão (de
ambos os lados) usam mísseis teleguiados, armamento capaz de matar dezenas de
pessoas em um único disparo, sem contar os tanques, granadas e outros artefatos
de guerra com grande poder de letalidade. Aqui, em terras alencarinas, as
mortes ocorrem no estilo centenário da primeira guerra mundial: Corpo a corpo.
O sangue da vítima escorre nas mãos do seu algoz.
Para ocidentais adaptados a conviver em uma anocracia
(semidemocracia) regional, onde os colégios que merecem mais investimentos não são os
educacionais, mas os eleitorais (antes chamados de currais), é fácil pensarmos a
violência como algo intratável. Por vezes, essa violência é estimulada
pela arrogância de homens públicos encobertos pela capa da imunidade,
contumazes em ignorara as leis e desmoralizar as autoridades constituídas
responsáveis por manter a ordem.
Policial Pensador |
Uma frase atribuída a Stálin "Uma
morte é uma tragédia; um milhão de mortes é uma estatística" é
corroborada pelo comportamento dos cristãos cearenses. Agindo com uma inerte
apatia a população cala diante da pilha de corpos de seus conterrâneos.
Escuta-se apenas o incomodo silêncio de todos.
Mas em vários momentos da história, comunidades ficaram tão
fartas de matança que fizeram o que os criminologistas chamam de
ofensiva civilizadora, ou seja, um esforço deliberado de setores de uma
comunidade para conter os valentões e restaurar a vida civilizada.
Conclamamos aos cristãos a orar não apenas
pela paz em Israel. Sugerimos pedirem nas suas orações a intervenção divina
para evitar a morte diária de mais cearenses. Sugerimos também aos cristãos
saírem dos seus templos, ganharem suas comunidades e iniciarem essa ofensiva
civilizadora, já que outras prioridades de ocasião ocupam o tempo das
autoridades que deveriam agir e optam por um discurso que suaviza o seu
fracasso.
Esqueçamos um pouco os filhos de Abraão. Voltemos nossa atenção
para os nossos irmãos mais próximos.
Misericórdia
Senhor!
*Escrito por Plauto de Lima, Major da Polícia Militar do Ceará
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Parabéns pelo texto. Uma leitura atual para nossa tragédia.
ResponderExcluirExcelente texto. Parabéns!
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